quinta-feira, 28 de maio de 2009

Pedaços de Mim


Foi o baque, o impacto das palavras, poucas palavras que tanto diziam, a violência do inesperado, tantas vezes previsto, sempre rejeitado. E o vento soprou mais devagar, o calor insuportável, a falta de ar.

As lágrimas tantas vezes guardadas, desta vez não apareceram, se esconderam, e simplesmente a magoa, contida, retraída, no fundo do meu interior, abafada, me lembrava o que acontecera, o porque que eu não respirava.
A dor me invadiu, naquele instante, aquele aperto no peito, o nó na garganta, as mãos que tremiam, o olhar baço, apenas a dor, profunda, que me tomou por completo, e tudo tão disforme, enorme, num mundo meu que nao mais reconheço.

Fiquei ali, caída, sem força, o rosto escondido nas mãos, perdida, sem vontade, o olhar fixo não sei onde, alheada, nesta realidade confusa, desnorteada. Fiquei ali, quieta, calada, à espera, deitada. Fiquei e não quis saber, se tu ias ou não perceber. Fiquei apenas por ficar, dando tempo para a dor superar.

Esse tu que eu desconheço, não é o mesmo tu que um dia conheci, não é. Esse alguém que agora me fala, me seduz e me destrói, me atira ao ar e observa calmamente a minha queda no chão, esse alguém é uma outra pessoa, um outro alguém, não és mais tu.
Esta dor que me consome, me arruína e me apaga. Esta angustia, dificuldade em respirar. Este amor, que um dia o foi sem existir.

E escrevo já não sei para quem nem sobre o quê. Simples frases soltas sem nexo, onde me encontro e me perco, me procuro e não me encontro, me vou e me volto. Apenas sentimentos confusos e dispersos que ficam melhor em prosa que em verso.


Pedaços de mim, perdidos no tempo, contigo ou por ti, pedaços de mim, destruidos, acabados, pedaços de mim que não mais consegui encontrar.

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