terça-feira, 26 de maio de 2009

Destinados



Aquele dia era dela, só ela e os seus pensamentos…a olhar o mar, o céu, a pensar em tanto e tão pouco, em tudo o que se havia passado, de tudo o que ia chegando sem aviso e fugindo de repente…esse tão mal fadado destino, ingrato, anulado…a turbulência dos últimos dias e a tranquilidade encontrada ali, naquele lugar.
Andava por ali, caminhando junto ao mar, sentindo os seus pés molhados pela água salgada, enterrando-se na areia a cada passo dado.
A praia que a viu crescer, que a acompanhou desde sempre, e o mar, picado e revoltado, via-a agora a divagar junto a si, procurando um passado distante ou um futuro inexistente, procurando algo disperso, distinto.
E ali, naquele que sempre fora o seu refúgio, naquele lugar só dela, o viu sentado nas dunas, com o olhar fixo no horizonte, o coração perdido no tempo e o corpo despido de paz. Ele sorriu quando a viu, ela que agitara o seu pensamento estava agora ali, junto ao mar, olhando o vazio, esperando por si.
O destino que os afastara pusera-os ali, juntara-os, naquela praia deserta onde apenas eles vagueavam procurando-se sem saber, encontrando-se sem querer. Eles viveram para aquele instante, aquele encontro, que agora acontecia, não planeado, secretamente desejado. Acontecendo porque tinha de acontecer, era o seu tempo de viver.
Ele se levantou e ao encontro dela foi…procurando palavras apenas encontrou suspiros, pensamentos perdidos…o acaso o colocara ali, sem saber o que fazer, o que dizer, pensando na razão de tudo acontecer.
Ela o observava ao longe, caminhando de novo para si, o seu coração frenético de saudade, de vontade de o amar, por segundos parou, na espera desse chegar, desse ver e amar, desse simples esperar.
E ali, naquele momento, esqueceram do mundo e da razão, uniram as mãos, agarraram-se com força, perderam-se num abraço louco pela areia molhada…os seus corpos inquietos, os olhares discretos, o suor de desejo…e, morreram, num beijo demorado!

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