terça-feira, 30 de junho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sou o que não sou



Fui sem o ser
No olhar que abalou

Um tudo que nada é
Num nada onde tudo restou

E ser sem o ser
E o vagar que se apagou

Ausência de mim
Num ser que acabou


Sendo um pouco do que fui
Sou apenas o que nao sou

quinta-feira, 25 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

O Abraço


Abracei-te, apenas por abraçar, para te sentir, para não duvidar.

Estavas ali, de novo, comigo, repousando a cabeça no meu peito, o pensamento num demorado olhar, aqueles momentos só nossos, a história que prometia continuar.

Tu ali, junto a mim, partilhando o horizonte levado pelo mar, o doce sabor do sal ao sussurrar, o cheiro da água salgada que inundava, a música que os nossos corações misturava.

Foi apenas uma tarde, um momento tão próximo e distante, que tudo trouxe e levou, num instante simplesmente único, perfeito, expirado.

Abracei-te, após te beijar, a saudade emergia no abraço, e apenas o teu (meu) suspirar.

sábado, 13 de junho de 2009

Sempre as Mãos Dadas



Caminhei contigo de mãos dadas, sem destino certo…caminhamos apenas pela vida, pelos caminhos incertos que apareciam na nossa frente…

Caminhos mais ou menos confusos e imprecisos…surgiam com a fluidez do rio para o mar…por vezes tristes e indecisos, outras alegres e concisos...

Nunca larguei a tua mão…não, não larguei…Sempre seguindo a teu lado, os teus passos, como os trilhos do eléctrico, sempre lado a lado, com a distância da proximidade exacta…

Seguiste sempre comigo, nesse caminho imenso, partilhando vida e emoção…ignorando a morte e restrição…nunca largando a minha mão…

E o caminho foi longo, longo demais…muito vimos, mais vivemos, tudo sentimos, nunca desistimos…
A idade passou, o tempo fartou…o caminho acabou…o final chegou…
E as mãos dadas, esquecidas, obstinadas, sempre unidas…

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Simplesmente Hoje



Hoje fugi do mundo mas ele me perseguiu.

Deixei tudo no lugar,
Libertei-me de ti,
Fugi para longe,
Talvez mais tarde voltar...

Hoje estava demasiado sozinha para enfrentar

A ausencia das palavras,
Dos gestos e dos actos,
A falta de ti.

Hoje apenas o vazio me preenche

Procurei a tua mão,
Encontrei o nada.
Procurei a paz,
Encontrei a solidão.

Hoje e simplesmente hoje

Apenas fecho os olhos e vou sonhar...
Tardar para acordar...
Apenas esperar...
Respirar!

terça-feira, 9 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Gosto


Gosto…
Do calor do teu corpo,
Do vento que me percorre o corpo,
Deste arrepio em mim.

Gosto…
De te ter por perto,
De amar no deserto,
De uma proximidade assim.

Gosto…
De sentir o teu cheiro,
Do olhar em anseio,
De te ter em mim.

Gosto…
De percorrer o teu peito,
De deslizar no deleito,
Deste amor sem fim.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Hora



Chegou a hora de partir.

Se ficasse, ficaria a impedir-te o caminho. Tenho de partir sem olhar para trás. Deixar-te seguir em frente, seguir o teu rumo, procurar o teu caminho, perseguir a felicidade junto a um outro alguém, ou junto de ninguém.

Chegou a hora de me libertar de ti, soltar as amarras que me prenderam durante todo este tempo, deixar que a vida me leve, no vazio do afastamento. Ser livre de ti, mesmo quando tu vives em mim. Deixar-te ir, não mais te procurar, não mais te agarrar, não mais voltar.

Chegou a hora de viver, de consumir esta linha ténue que se vai apagando a que se chama vida. Sem ti seguirei, guardando para sempre as memórias dos momentos que nos preencheram os dias. Sem ti viverei um sonho triste, mas sem nunca acordar.
Chegou a hora de ir embora, de fechar a porta, e seguir em frente. O coração grita, a minha alma chora, a dor que se demora, mas tenho de ir embora.

E sai, fechei os olhos e sai. Tentando não sentir, sai. Batendo com a porta, sai.

E fui embora sem olhar o caminho, para não cair na tentação de voltar atrás.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sonhar




Eu era capaz de viver de sonhos, tantos e tão belos sonhos que me invadem a todo o momento. Lindos sonhos de amor, de paixão, de dança, de agitação.

Sonhos que me preenchem a alma, que me aquecem o coração. Sonhos que te trazem para mim, sabendo que não estarás mais aqui. Sonhos e mais sonhos, súbitos esboços de uma vida de felicidade e ilusão.
São os sonhos que me movem, que me arrancam desta inércia da minha rotina. São os sonhos, com que sonho, que me fazem encarar a vida. São esses sonhos que me preenchem a mente, quando acordo para mais um dia. São apenas sonhos, eu sei, mas que me mantêm viva.

Sim era capaz de viver de sonhos, porque eles me levam para uma realidade distante e inexistente. Eles me mostram a fragilidade do meu ser. Eles me fazem viver.
Não viveria sem sonhar, isso seria apenas existir, estar.
Não, não abdico dos meus sonhos.


Porque tenho o maior, mais importante, de todos os sonhos…o MEU!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Desejo


Desejo desmedido,
Num beijo sentido,
Dois corpos despidos,
Abraçados, destemidos.

Vicio doentio,
Vida suspensa,
Uma chama que arde,
Uma alma que pensa.

Juventude passada,
Existência confusa,
Uma mulher amada,
Uma visão difusa.

O olhar embaciado,
Os labios molhados,
Os corpos transpirados,
O desejo consumado.

Gritar


Há dias que tudo o que me apetece é ir ao teu encontro e gritar, gritar na tua cara tudo o que merecias ouvir, tudo o que me fazes sentir. Agarrar-te e abanar-te, talvez acordar-te desse teu mundo tão irreal!

Atenuava esta minha dor, o desmanchar do meu interior em palavras, olhar-te nos olhos e gritar, gritar tão alto que te obrigasse a ouvir, mesmo quando tentasses fugir ias ouvir, o grito ensurdecedor do meu coração.
Sim era tudo tão mais fácil, dizer-te tudo, afogar-te nas palavras, esgotar a apatia do teu olhar. Levar-te ao extremo da agitação, do desassossego, da desilusão que és em ti mesmo. Obrigar-te a veres o mundo nas palavras que ouvias, sentires em ti o impacto do que fazes, o desfazer do que dizes, a ilusão das tuas contradições e o acabar duma ilusão.

Não há ventos que não valham a pena nem tempestades que não sejam provocadas, mas todas as tempestades passam, deixando para trás tudo o que um dia existiu, fazendo nascer a vontade de reconstruir tudo o que foi destruído, e um maravilhoso rasgo de sol no ceu agora sem nuvens.

Mas tu nunca entendes as palavras, sejam pronunciadas no enternecimento dum final de tarde ou na cólera duma noite mal passada.

Assim, limito-me ao silêncio e à indiferença, à ausência e à displicência, ao caos interior e serenidade exterior.



Afinal…seria amor ou dependência?