segunda-feira, 1 de junho de 2009

Gritar


Há dias que tudo o que me apetece é ir ao teu encontro e gritar, gritar na tua cara tudo o que merecias ouvir, tudo o que me fazes sentir. Agarrar-te e abanar-te, talvez acordar-te desse teu mundo tão irreal!

Atenuava esta minha dor, o desmanchar do meu interior em palavras, olhar-te nos olhos e gritar, gritar tão alto que te obrigasse a ouvir, mesmo quando tentasses fugir ias ouvir, o grito ensurdecedor do meu coração.
Sim era tudo tão mais fácil, dizer-te tudo, afogar-te nas palavras, esgotar a apatia do teu olhar. Levar-te ao extremo da agitação, do desassossego, da desilusão que és em ti mesmo. Obrigar-te a veres o mundo nas palavras que ouvias, sentires em ti o impacto do que fazes, o desfazer do que dizes, a ilusão das tuas contradições e o acabar duma ilusão.

Não há ventos que não valham a pena nem tempestades que não sejam provocadas, mas todas as tempestades passam, deixando para trás tudo o que um dia existiu, fazendo nascer a vontade de reconstruir tudo o que foi destruído, e um maravilhoso rasgo de sol no ceu agora sem nuvens.

Mas tu nunca entendes as palavras, sejam pronunciadas no enternecimento dum final de tarde ou na cólera duma noite mal passada.

Assim, limito-me ao silêncio e à indiferença, à ausência e à displicência, ao caos interior e serenidade exterior.



Afinal…seria amor ou dependência?

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